80 já era !
...já era, nota breve...
80 já era! significou para parte dos membros do Usina Contemporânea de Teatro, a coroação de um processo de 18 anos de atuação no teatro do estado do Pará; atuação que compromete-se com diversas formas do fazer teatral, sendo o grupo um gerador de propostas e inquietações nas artes cênicas, posto que sempre procurou no experimentalismo de suas encenações e na versatilidade de seus integrantes, respostas para seu tempo e sua comunidade, no caso a cidade de Belém do Pará.
Com este espetáculo além de rever dados da própria história, resgatamos a memória de fatos, pessoas e obras da década de 80, tanto os de cunho local, consolidados nas pedras de Liós das calçadas de Belém, quanto o panorama nacional que fustigava a mente e o corpo dos jovens com rock, a chamada “abertura política”, e o inicio da “era virtual”; esses acontecimentos agora introjetados, mastigados, e engolidos junto com as “novas mídias” que posicionam o ser e o estar do indivíduo (ator ou artista de outra linguagem) perante sua existência, estão no cerne do espetáculo multimidico 80 já era! e também na criação atual, no fazer artístico. Não é possível para nós desta geração ignorar tais verdades, é absolutamente necessário rever nossos instrumentos de construção/composição, e veiculação artística, a questão eterna de um homem diante de outro no acontecimento teatral é posta em questão, quando resolvemos absorver tanto no processo de feitura quanto no momento da apresentação o uso das novas mídias.
Quando optamos por estes multimeios: a Internet, tanto na pesquisa de fatos e imagens, quanto na comunicação entre os integrantes do grupo, e até como facilitadora durante as edições de vídeo e músicas do espetáculo; ou o uso de câmeras em tempo real durante a apresentação do espetáculo, temos como conseqüência direta novas cognições entre artistas e o público em geral, as pontes estabelecidas com essas tecnologias nos remetem a caminhos intrincados, onde a experiência humana sensorial é determinante para o entendimento da obra.
Dessa forma justifica-se a apresentação deste espetáculo, a troca de experiências sobre um passado não tão distante: a década de 80; não mais restrita e relegada ao passado intocável, porém revista como fonte de questionamentos sobre a nossa vida atual e as tecnologias que nos desafiam e impõem novos limites para o viver e o ser humano.
80 já era!
Afirmação que atualiza a certeza do que vivemos naquela década, em que começamos a construir nossa trajetória em busca do dialogo entre nós; homens e mulheres criados dentro da urbe amazônica chamada Belém, e o fato artístico, principalmente o teatro.
Encenamos neste momento, e com a técnica que perseguimos desde a década de 80, os nossos dias de fúria, de colisão e desencontros com o tempo, a palavra, a ação, o conflito,e a imagem.
A estética que destroçamos, abocanhamos, e fizemos com que domada agisse a nosso favor para espelhar a cara que temos hoje, e o reflexo da cultura em que vivemos, essa de gente postada e crente no aluvião da cidade, nos sons de tráfego e rio e chuva, na cor ácida e na fumaça dos cigarros, na luz inclemente e insone dos leds.
Este espetáculo multimidico, plasma com todas as certezas o mais intimo de um processo de dezoito anos de busca e interação desses artistas com seu meio de expressão.
Nando Lima
videos
abertura
ficha técnica:
elenco
Andreia Rezende - Manara Lance
LEO BITAR - voz da rádio
Milton Aires - Lao -Tse
Nando Lima - Dan
Patrícia Gondim - Baby Blue
designer de som - assistente de direção
Leo Bitar
músicas
melodias - Paulo Moura
letras - Nando Lima
arranjos, guitarras e loops
Renato Torres
baixo
Maurício Panzera
voz
Andreia Rezende
produção musical
Leo Bitar
dramaturgia - direção de palco
Oriana Bitar - Nando Lima
cenotécnico - portaria - operação de video
Marcelo Sousa
Iluminação
Patrícia Gondim
câmera - edição de video
André Mardok
Nando Lima
Preparação corporal
Centro de Dança Ana Unger
Tatiana - Lídia - Vanessa
Maquiagem e cabelos
Mikson Matos
Costureira
Telma Queiroz
cenário - figurino - designer gráfico - direção geral
Nando Lima
produção
intimidia - Teatro do Mato - U.C.T.
Agradecemos ao Ná Figueredo por respirar música e arte.
Agradecimentos especiais ao Mariano, Rodolfo e Cláudio por cederem a faixa “abandonar o navio”. Da lata!!!
Premio Bolsa de Experimentação, Pesquisa e Criação
do Instituto de Artes do Pará - IAP